A menos de um ano para completar uma década, a extensão cicloviária de Fortaleza se estabelece como uma das mais longas do País. Porém, ainda com desigualdades de distribuição, problemas de fiscalização e manutenção da infraestrutura.

Portanto, é fundamental que o jornalismo apure, investigue e busque respostas para questões que permeiam políticas públicas, tais como seu orçamento, execução e distribuição, afinal essas ações impactam diretamente a sociedade. É controle social.

Neste repositório, estão disponíveis os dados utilizados, os códigos e os arquivos gerados para a série de reportagens "Malha cicloviária para quem?", que aborda aspectos da infraestrutura voltada para ciclistas nas ruas e avenidas da capital cearense.

As matérias, produzidas pela Central de Jornalismo de Dados do Jornal O POVO (DATADOC), começaram a ser publicadas no dia 19 de setembro de 2022, com a divulgação do primeiro episódio no O POVO Mais, plataforma multistreaming do Jornal O POVO.

Há décadas, a população de Fortaleza — principalmente trabalhadores de bairros de baixa renda — arrisca a vida ao deslocar-se cotidianamente de bicicleta e disputar o espaço da rua com automóveis. Assim, a demanda por infraestrutura cicloviária pela Cidade não é recente.

Em 2013, os quilômetros de ciclovias e ciclofaixas pintados pela Capital começaram a aumentar, e a política de mobilidade, com o incentivo ao uso da bicicleta, passou a chamar atenção nacionalmente.

Mas como está distribuída a malha cicloviária de Fortaleza? O principal achado da análise deste primeiro episódio aponta para a concentração da infraestrutura cicloviária em bairros de Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) médio, alto e muito alto, quando vista proporcionalmente à malha viária de cada bairro.

Para chegar a esse resultado, a Central DATADOC analisou a proporção da malha cicloviária em relação à malha viária de cada bairro da Capital. Em seguida, os bairros foram agrupados por faixa de IDH.

• Malha cicloviária de Fortaleza;
• Bairros de Fortaleza - 2019;
• Eixos viários de Fortaleza;
• Pavimentação das vias de Fortaleza;

Dataframes

• dataset_bairros_eixo_cicloviario_idh.csv: Base com informações sobre infraestrutura cicloviária do bairro com a respectiva classificação do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH);
• dataset_bairros_eixo_cicloviario_idh.geojson: Mesma base anterior, mas em arquivo geojson;
• malha_cicloviaria_idh_ano.csv: Extensão da malha cicloviária por ano;
• pavimentacao_por_idh.csv: Pavimentação das vias pela respectiva classificação de IDH dos bairros.

Visualizações

• Mapbox com exploração visual de dados sobre a malha cicloviária dos bairros de Fortaleza
• Evolução temporal da proporção das ruas e avenidas de Fortaleza-CE contempladas no sistema cicloviário, por faixa de IDH
• Proporção Sem Pavimentação dos eixos viários de Fortaleza, por faixa de IDH

Entre 2015 e 2019, os casos de violência no trânsito envolvendo bicicletas, em Fortaleza, aumentaram ano a ano. Os casos passaram de 347 para 881, um crescimento de 153,9% nesse intervalo. No primeiro ano de pandemia de Covid-19, as ocorrências reduziram e atingiram o total de 674, marcando uma queda de 23,5% em relação ao ano anterior. Em 2021 voltou a subir e atingiu 696 — 3,3% a mais.

Outros dados oficiais também mostram o quanto os ciclistas estão vulneráveis mesmo quando circulam nas áreas devidamente separadas para eles nas vias de Fortaleza. Apenas em 2022, entre janeiro e agosto, mais de 27,3 mil multas já foram aplicadas na Capital devido a situações de desrespeito à infraestrutura cicloviária. Essas multas incluem casos em que motoristas e motociclistas estacionam, param e transitam em ciclovia e ciclofaixa.

Para essa reportagem, a Central de Jornalismo de Dados do O POVO (DATADOC) também analisou a distribuição geográfica dos acidentes envolvendo bicicleta entre 2015 e 2020, considerando os 73% dos registros neste período que possuem coordenadas geográficas.

Os bairros com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) Médio, Alto ou Muito Alto registraram 464 sinistros, 8 deles com mortes. Já aqueles com IDH baixo ou muito baixo registraram 2.535 sinistros, dos quais 109 tiveram óbitos.

Feito a partir dos dados do Sistema de visualização, análise e cadastro de dados de sinistros de trânsito da Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania de Fortaleza (AMC) - Plataforma Vida, o levantamento mostra que a letalidade das ocorrências foi de 4,53% nos bairros de IDH muito baixo de Fortaleza, 2,4 vezes maior que a letalidade nos bairros de IDH muito alto (1,87%).

• Sistema de visualização, análise e cadastro de dados de sinistros de trânsito da Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania de Fortaleza (AMC) - Plataforma Vida;
• Dados sobre multas por infrações à malha cicloviária: Assessoria de imprensa da AMC

Dataframes

• dataset_sinistros_com_bicicleta_por_mes.csv: Sinistros de trânsito em Fortaleza envolvendo bicicleta por mês;
• dataset_sinistros.csv: Total de sinistros de trânsito;
• sinistros_ano_com_e_sem_bicicleta.csv: Sinistros de trânsito em Fortaleza detalhando se envolve ou não bicicleta;
• sinistros_com_bicicleta_por_ano.csv: Sinistros de trânsito em Fortaleza envolvendo bicicleta por ano;
• sinistros_por_ano.csv: Total de sinistros de trânsito por ano;
• variacao_multas_por_ano.csv: Variação do total de multas por transitar, parar e estacionar em ciclovias e ciclofaixas de Fortaleza entre 2018 e agosto de 2022.

Visualizações

• Variação anual das multas de trânsito por estacionar, parar e transitar em ciclovias e ciclofaixas;
• Mapbox com exploração visual de dados sobre sinistros de trânsito envolvendo bicicletas em Fortaleza;
• Letalidade(%) de sinistros envolvendo bicicletas em Fortaleza-CE, por faixa de IDH dos bairros, entre 2015 e 2020.;
• Total de sinistros de trânsito em Fortaleza, entre 2015 e 2021;
• Total de sinistros envolvendo bicicletas por ano, entre 2015 e 2021;
• Distribuição por dia e hora dos registros de sinistros no trânsito em Fortaleza-CE;
• Multas de trânsito por estacionar, parar e transitar em ciclovias e ciclofaixas;

Para executar o notebook com a coleta e processamento dos dados, é necessário um ambiente com Python3 e dependências que podem ser instaladas via Pip:

!pip install googlemaps
!pip install geopandas
!pip install unidecode

A Central de Jornalismo de Dados do O POVO (DATADOC) alia tecnologia e técnicas diversas de análises de dados para produzir um jornalismo de precisão para que você forme sua opinião com segurança. Nosso objetivo é fazer com que todos tenham acesso aos dados utilizados nas notícias que produzimos.

A DATADOC é composta por uma equipe de três jornalistas (sendo uma infografista), uma desenvolvedora front-end e um cientista da computação que coletam, enriquecem e disponibilizam as bases e códigos de cada reportagem para um jornalismo transparente e baseado em evidências.

🦠💉 Confira também outras produções recentes da central DATADOC: A matéria Covid-19: Uma criança de 0 a 4 anos de idade morreu por semana no Ceará mostrou como a doença causada pelo novo coronavírus impactou os menores de 5 anos, até então os únicos sem acesso à vacinação contra a Covid-19, desde o primeiro óbito por Covid-19 registrado no Ceará. A matéria foi feita em parceria com o núcleo de Cotidiano do Jornal O POVO e está disponível no O POVO+.